Em psicanálise, fala-se em um sujeito constituído pelo outro, por isso que para mim Cristiane… o nome desta exposição é o que somos.
Em análise, escuta-se o sujeito do inconsciente, este barrado pela linguagem e já entrando na conexão da exposição impactante, um sujeito do inconsciente de fissuras, suturas e ruínas. A exposição que fui visitar, na @pinacotecasp, Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas.
Lá, fui capturada por duas obras em especial que mostram algo que me toca muito que é todo contexto sobre Meridiano de Greenwich e sua história ocidental eurocêntrica, aqui, pude sentir o quanto se sofre, enquanto povos apartados da noção eurocêntrica de civilização, claro que como mulher senti ali tudo o que nos atravessa em relação ao machismo estrutural, como também o patriarcado sendo próximo do capitalismo.
A outra obra que acabei não registrando em imagem, mas que está ressoando em mim, pode ser vista como uma sauna que pude associar com um frigorífico, onde a carne que comemos acaba é também onde acabamos. Aqui, fui remetida ao contexto artístico da antropofagia (que forte)
Foi forte se conectar com o corpo através das obras e a ressonância com a nossa história brasileira que lá na exposição mostra os azulejos, a carne, as vísceras... pude sentir o que a psicanálise escuta que é o que não pode ser inominável para o indivíduo, mesmo sendo sujeito… algo que necessita de um desprendimento para se dar a chance de se refazer entre estes “espelhos” e tentar se conectar ao seu próprio corpo e a sua carne.
Através desta exposição, pude ter o privilégio de refletir sobre a retroalimentação do presente-passado-presente no âmbito do psiquismo primário que impulsiona o batimento cardíaco através do sangue que pulsa em busca da nossa sociabilidade. Foi leve, foi intenso, foi pesado sentir minha anima viva e intensa que é, saí de lá ainda mais certa de que o caminho parece turvo pelo fato de tentarem nos fazer amnésicos do passado, mas aí vem a arte para nos relembrar e, ao mesmo tempo, vem a psicanálise para nos oferecer o refazimento de nossa amina, assim, possibilitar de sermos sujeitos com nossos desejos em movimento e quem sabe assim nos permitindo a M A R
Compartilho de forma singela… foi uma experiência pessoal do indizível e deixo aqui a indicação, quem puder ir e experienciar
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